Imagina correr por mais de nove horas seguidas. Sem pausa, sem descanso, sem banheiro. Só você, a estrada e quase 90 km pela frente. Foi exatamente isso que o mineiro Georginton Oliveira, de 32 anos, encarou ao completar a Comrades Marathon, a ultramaratona mais antiga do planeta. No último domingo (8 de junho), o velocista amador percorreu os 89,98 km entre Pietermaritzburg e Durban, na África do Sul, em 9 horas e 20 minutos, direto.

“Foi uma mistura de dor, superação e gratidão. Terminar essa prova é uma sensação de missão cumprida”, contou Georginton, em entrevista ao O TEMPO Sports.

Empresário e morador de Belo Horizonte, Georginton começou a correr em 2018 e, desde então, acumulou experiência em provas de resistência. Mas nada se compara à Comrades. Para encarar a prova sul-africana, ele mudou a rotina, seguiu um plano de treinos específico e ajustou a alimentação. Na reta final da preparação, chegou a correr 72 km na orla da Lagoa da Pampulha, ao lado de 150 amigos.

“Foi um teste para o corpo e para a cabeça. A gente treinou do jeito certo, respeitando o ritmo”, explica o ultramaratonista mineiro.

Realizada desde 1921, logo após o fim da Primeira Guerra Mundial, a Comrades Marathon é considerada um símbolo de resistência e tradição. O percurso, que liga as cidades de Durban e Pietermaritzburg, na província de KwaZulu-Natal, testa o físico e o psicológico dos corredores.

A cada edição, o trajeto se alterna. Em 2025, foi a vez do percurso “down”, com predominância de descidas, mas isso não significa facilidade. Segundo especialistas, as longas inclinações exigem controle muscular e estratégia dos competidores.

Segundo os organizadores, a edição de 2025 da Comrades reuniu cerca de 22 mil corredores. Ao lado de Georginton, 182 brasileiros largaram na prova.

O recorde sul-americano, da prova é do Brasil, com o catarinense Laurindo Nunes que fez 5h31min29s, em 2023. A tempo mais rápido da história, no entanto, segue com os sul-africanos. No masculino, Tete Dijana venceu no mesmo ano com 5h13min58s. Já o feminino, Gerda Steyn marcou 5h44min54s. Em 2024, ela se tornou a primeira mulher a terminar a Comrades abaixo das seis horas, com 5h49min46s.

Papel social

Mais do que um desafio físico, a prova tem também forte impacto social. Segundo a organização da ultramaratona, as doações feitas por corredores do mundo inteiro são direcionadas para instituições de caridade na África do Sul, que atendem órfãos, crianças em situação de abandono e pessoas com deficiência.