Num cenário povoado por inúmeros remakes live-action de animações da Disney, que fizeram sucesso no ado, é a vez da Dreamworks trazer de volta Como Treinar o Seu Dragão.
Com direção de Dean DeBlois, o mesmo responsável pelo original, o filme reapresenta a jornada de Soluço e Banguela. Com visual renovado, o remake chega aos cinemas com a difícil missão de reviver a magia da animação de 2010.
Difícil diante da percepção atual sobre esse tipo de projeto, que tem sido cada vez mais negativa. Já se foram os dias de O Rei Leão (2019), Aladdin (2019) e A Bela e a Fera (2017) faturando mais de um bilhão de dólares. Hoje em dia é raro um remake que não esteja envolto em polêmicas (rasas ou não), relacionadas à sua fidelidade e respeito à obra original ou até mesmo cuidado artístico com a adaptação.
Por isso, surpreende que Como Treinar o Seu Dragão consiga superar as expectativas e entregar um filme que, embora extremamente parecido com o original, retoma com precisão a essência que fez do primeiro longa um sucesso há 15 anos.
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Fiel ao original, com toques que enriquecem a narrativa
Soluço (Mason Thames) nos apresenta a ilha de Berk, onde vikings vivem em constante conflito com dragões. Seu dilema é claro: ele não se encaixa no perfil de guerreiro que todos esperam, mesmo sendo filho do chefe.
Na tentativa de provar seu valor, ele acaba embarcando em uma jornada de empatia, coragem e descoberta, que desafia a tradição de seu povo e revela uma nova perspectiva sobre os dragões.
Em questão narrativa, é praticamente o mesmo filme. Os arcos, os momentos emocionantes e o ritmo da história continuam intactos. A diferença está em pequenas alterações e cenas adicionais que complementam a jornada já conhecida.
É um remake que opta por respeitar o material original em vez de reinventá-lo — uma escolha segura, mas inteligente, visto que evita entrar em conflito com a base de fãs da franquia.
E, ao contrário de outras refilmagens, que ou se apoiam unicamente na nostalgia, ou procuram adaptar o texto para os dias atuais, aqui a fidelidade vem acompanhada de muito cuidado estético e coesão narrativa.
Desde o início, fica claro que todos os esforços foram feitos para que esta talvez seja a melhor versão possível da história — e não apenas uma adaptação que troca referências rasas pelo dinheiro do espectador.
Uma produção envolvente e emocionalmente potente
O elenco acerta em cheio ao recriar as personalidades caricatas dos personagens, equilibrando humor, emoção e cenas de ação empolgantes. Os efeitos visuais são competentes, a mitologia dos dragões continua interessante, e a montagem mantém o ritmo dinâmico e envolvente.
Com cenários gravados em locação, figurinos bem construídos e criaturas realistas, o live-action entrega uma experiência visual sólida e imersiva. A fotografia dá um ar de grandeza ao filme, com cenas amplas e vivas, enquanto a trilha sonora continua sendo um elemento essencial que sustenta a emoção e o impacto dos momentos-chave.
Mesmo já conhecendo a história, esses elementos são fundamentais para garantir um frescor ao abordar o florescimento da amizade entre Soluço e Banguela, tal qual o desenvolvimento da relação do protagonista e Astrid (Nico Parker), de forma leve, divertida e comovente.
Há também espaço para reflexões sinceras sobre paternidade, aceitação e amadurecimento, que dão peso à trama. Gerard Butler brilha no papel de Stoico: um pai que ama seu filho, mas não consegue lidar com as “falhas” que o garoto apresenta.
Vale a pena assistir?
Pessoalmente, costumo torcer o nariz para esses remakes, principalmente quando a animação original é tão recente e ível. Mas Como Treinar o Seu Dragão me conquistou novamente. A essência continua intacta, e o impacto emocional permanece.
Então, sim, vale a pena. Para quem já era fã, é uma oportunidade de revisitar Berk com um novo olhar. Para quem nunca assistiu, é uma excelente porta de entrada para uma história muito bonita sobre amizade, identidade e empatia.
Como Treinar o Seu Dragão está em cartaz nos cinemas.
Como Treinar o Seu Dragão tem cena pós-créditos?
Ao final dos créditos existe sim uma cena extra. Porém, é algo tão rápido e irrelevante, que não justifica a espera.
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