Os ritos propiciam segurança, definem atitudes, valorizam pessoas e sacralizam situações; por isso, as sociedades ritualizam tudo que é importante, como as ações voltadas para a alimentação.
Essa ritualização abrange a definição da dieta, a preparação da comida e a rotina da refeição. Cada sociedade escolhe os alimentos, entre muitas opções oferecidas pela natureza, interpretando seu potencial nutritivo independentemente das teorias científicas. Preferem acatar normas que indicam a adequação a cada momento, crenças religiosas, noções de saúde e doença e prestígio social. Judeus jamais aceitam carne de porco. Árabes não tocam os alimentos com a mão esquerda. Há mais prestígio no consumo de filé-mignon do que no de costela. Brasileiros não servem feijão no café da manhã. Chineses comem escorpiões e cachorros.
Cada povo define, primeiramente, o que é comestível, no universo de vegetais e animais, renegando muitos. Estabelecemos seu lugar em cada refeição e em datas especiais, considerando que cereais cultivados e animais domesticados não representam perigo, mas rejeitamos os que estão fora do habitat humano, classificando-os como selvagens. Excluímos, ao mesmo tempo, os seres que vivem dentro de casa, como o cachorro e as plantas ornamentais.
Há, em seguida, os ritos para a preparação da comida. Cozinhar não é apenas a adequação de plantas e carnes ao uso humano, para torná-las mais saborosas. Trata-se de um processo cultural para transformar os produtos da natureza. Quanto mais distantes eles estiverem do universo doméstico, mais elaborada será a preparação. Assim, somos especialmente cautelosos com as carnes de caça.
A refeição é o ritual mais visível, sendo que cada sociedade elabora suas normas. Agregar as pessoas para o ato de comer fomenta a sociabilidade e harmonia. É especialmente importante reunir a família em torno da mesa para reforçar os laços de parentesco. Como isso ficou difícil nas grandes cidades, o almoço de domingo tornou-se relevante.
A refeição também constitui o principal rito para homenagear pessoas e celebrar conquistas. Os alimentos oferecidos nessas ocasiões variam, mas estão associados ao compartilhamento de um ato essencial à vida. Isso existe desde o simples convite para um café até os banquetes de alto nível. Sua magnitude está relacionada à condição financeira do anfitrião, mas a aparência de luxo é pouco significativa; será sempre um ritual que confirma laços de parentesco, amizade ou vínculos comerciais.
Os ritos para a alimentação são, portanto, parte essencial da vida em sociedade. Quando o camponês senta-se no borralho do fogão, segurando seu prato de metal e comendo com colher, está acatando normas tão significativas quanto aquelas seguidas pelo milionário servido à sa junto a uma mesa repleta de porcelana, cristais e talheres de prata. E, nos dois casos, se estranhos ao grupo doméstico estão ali, consagra-se o mesmo gesto de nobreza de partilhar com o outro sua comida.
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