No futuro, as pessoas tendem a ter menos e buscar mais qualidade de vida, na base de compartilhamento. Mas já no presente dá para sentir um pedacinho do que está por vir, porque não é mais preciso ter bicicleta para andar em uma, nem comprar um brinquedo caro que depois vai ficar entulhado em algum canto. Segundo a especialista em economia colaborativa, Lala Dehezeilin, a principal moeda será o tempo. “A tendência é as pessoas perceberem que não importa possuir algo, mas sim ter o à função daquilo. E isso é capaz de garantir inclusive a sustentabilidade. A gente já tem tantas coisas que nem sabemos onde guardá-las, portanto, o que tem mesmo valor é a experiência”, destaca.

Ao invés de pagar de R$ 800 a R$ 1.300 por uma cadeirinha de descanso para o filho Eduardo, de um 1 ano e 8 meses, Natália Azevedo Sena alugou uma, por R$ 87 ao mês. “Se não tivesse essa opção, não compraria, pois não vale a pena ter um gasto tão alto por algo que a criança usará por tão pouco tempo e depois vai ficar só ocupando espaço”, afirma.

Foi exatamente dessa necessidade que nasceu a ideia de Simone Brasil. “Quando eu tive meu filho, procurei órios de bebê para alugar e não encontrei. Então fiz uma pesquisa de mercado e criei a Mamãe eu Quero, pensando no desperdício de dinheiro”, conta.

É só escolher no site, pagar e receber em casa. “Eu levo e busco. Procuro cobrar cerca de 10% do valor de mercado do produto, por um mês, mais R$ 15 de frete”, explica Simone.

A loja online foi aberta em outubro do ano ado. A iniciativa agradou tanto o público que em julho ela abrirá uma loja física e já estuda franquear a marca. “Comecei alugando, em média, 20 itens por mês e, hoje, chego a alugar até 70. Alguns deles, como o jumperoo (alugado por Natália), chega a ter fila de espera”, ressalta. A especialista em economia colaborativa, Lala Dehezeilin, afirma que sempre que alguém pensa em qualquer iniciativa ou em começar um empreendimento deve se questionar primeiro. “Eu preciso possuir ou eu quero apenas ter o? Ninguém quer ter uma furadeira, por exemplo, a pessoa quer é o furo”, analisa a futurista.

Como exemplos de sucesso da economia do compartilhamento, Lala cita o Airbnb (rede onde as pessoas oferecem e buscam hospedagens em todo o mundo) e os aplicativos de carona. “A economia colaborativa é a grande chave para o futuro. Ela faz o mapeamento do que já existe e cria processos para usar esses recursos da melhor forma”, ressalta Lala.

Sustentável

Bike BH. O sistema, criado pelo Itaú e pela Serttel, é composto por estações inteligentes, conectadas a uma central de operações via wireless. Basta ar o aplicativo e usar o equipamento.

Cultura do cuidar vai ganhar força

A futurista Lala Dehezeilin afirma que, para sair da cultura do consumir para a do cuidar, é preciso aprender a enxergar melhor que os recursos não são apenas monetários, mas culturais, sociais e ambientais. “Isso é perfeitamente possível quando a gente adota as novas economias: colaborativa, criativa, compartilhada e multivalor”, afirma.

“A economia colaborativa vai juntar tudo que é conhecimento e criatividade. Através de novas tecnologias e processos distribuídos em redes, temos possibilidades quase infinitas de soluções para empresa, comunidades, países e para um mundo melhor”, diz. (QA)