A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelerou a 0,26% em maio, após marcar 0,43% em abril, apontam dados divulgados nesta terça (10/6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O novo resultado veio abaixo da mediana das projeções de analistas do mercado financeiro, que era de 0,32%, conforme a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de 0,26% a 0,43%.

Em 12 meses, o IPCA ou a acumular variação de 5,32% até maio, após taxa de 5,53% até abril. Apesar do alívio, o acumulado segue acima do teto de 4,5% da meta de inflação. Em uma tentativa de conter os preços, o BC (Banco Central) promoveu um ciclo de aumento na taxa básica de juros, a Selic, que chegou a 14,75% ao ano. É o maior nível em quase duas décadas.

O Copom (Comitê de Política Monetária do BC) volta a se reunir na próxima semana, nos dias 17 e 18 de junho, para definir o patamar da Selic. Há expectativa se o colegiado deixará a taxa no patamar atual ou se promoverá um novo aumento, de 0,25 ponto percentual, para 15% ao ano.

O choque de juros busca esfriar a demanda por bens e serviços e, assim, reduzir a pressão inflacionária. O possível efeito colateral é a perda de fôlego da atividade econômica, já que o crédito fica mais caro para consumo e investimentos produtivos.

POSSÍVEL ESTOURO DA META

O BC a a perseguir a meta de inflação de maneira contínua em 2025, abandonando o chamado ano-calendário (janeiro a dezembro). No novo modelo, o alvo será considerado descumprido quando o IPCA acumulado em 12 meses permanecer por seis meses seguidos de divulgação fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O centro da meta é de 3%.

O IPCA ficou acima de 4,5% nas cinco primeiras divulgações de 2025. Com isso, aproxima-se de estouro do alvo em junho. Quando a meta de inflação é descumprida, o presidente do BC tem de escrever uma carta explicando os motivos. 

Na mediana, as projeções do mercado financeiro apontam IPCA de 5,44% no fechamento deste ano, conforme a edição mais recente do boletim Focus, divulgada na segunda (9) pelo BC. Essa previsão caiu pela segunda semana consecutiva, mas segue distante do teto de 4,5%.