Medo, insegurança e terror. Esses são os três sentimentos que têm permeado a vida de moradores nas vilas Joana D’Arc, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, e da Paz, em Contagem, na região metropolitana. Nos locais ocorre uma guerra entre gangues rivais do tráfico de drogas. A Polícia Militar (PM) garante ter intensificado o patrulhamento nas regiões desde meados de dezembro.
Os tiroteios estão ocorrendo frequentemente e a qualquer horário, o que deixa os moradores apreensivos. Apenas nesta semana, três pessoas morreram em crimes relacionados ao conflito. Muitas pessoas se viram obrigadas a mudar a rotina e evitam ao máximo sair de casa devido ao medo de se tornarem vítimas da disputa.
“Antes minha filha ficava muito na rua brincando. Agora eu tenho medo de deixar. Em plena férias e as crianças estão trancadas em casa por causa dessa guerra”, contou uma moradora do Barreiro, que não será identificada.
Já um morador da Vila da Paz relatou que pretende se mudar do local. “Aqui de paz não estamos tendo nada. Eu tenho medo de ser vítima de uma bala perdida quando eu chego para trabalhar ou quando estou saindo. Eu não tenho mais coragem de ir à padaria. Compro o pão antes de chegar aqui”, relata.
Uma outra moradora de um bairro vizinho às vilas, o Átila de Paiva, no Barreiro, conta que fica 24h com medo e que o policiamento tem sido insuficiente. “Tem que prender os criminosos. A gente está vivendo um cenário de guerra mesmo aqui. Não dá para continuar assim”, reclama.
Policiamento reforçado e monitoramento de gangues
A PM garante que o patrulhamento nas regiões foi intensificado desde meados de dezembro, a partir da saída temporária de presos que são “potencialmente autores e vítimas” dos crimes. Também diz que “monitora as gangues rivais” para “evitar novos crimes”.
Segundo a corporação, o serviço de inteligência está “em contato constante com o Ministério Público e a Polícia Civil, visando a troca de informações e a busca de mandados de prisão em desfavor de criminosos”.
Segundo a PM, operações policiais na região “permanecerão intensificadas por tempo indeterminado”. “Além do efetivo regular, foram alocados recursos oriundos da atividade istrativa e de Unidades Especializadas como ROTAM, BPE, Batalhão de Rádio Patrulhamento Aéreo e Academia da Polícia Militar”, afirma.
Denúncias anônimas podem ser feitas às autoridades por meio do telefone Disque Denúncia 181.
Mortes
A primeira morte desta semana relacionada ao conflito ocorreu na segunda-feira (23), quando um jovem, de 19 anos, conhecido como "Acerola", foi assassinado a tiros no beco Água Marinha, no bairro Industrial. Quatro dias antes ele havia sobrevivido a uma tentativa de homicídio.
Menos de 24h depois, na terça-feira (24), um jovem, de 21 anos, de primeiro nome Douglas, conhecido como DG, foi baleado à luz do dia no bairro Jardim Riacho das Pedras.
Um amigo de Daniel contou à polícia que os dois foram recrutados por dois homens, conhecidos como Fernando e Mateuzão, para participarem da guerra entre a Vila da Paz e o Aglomerado Joana D´Arc, mas que negaram o pedido. Retaliação devido à negativa é uma das possíveis causas do assassinato.
O terceiro homicídio relacionado ao conflito ocorreu nessa quinta-feira (26), quando um jovem foi baleado. Ele chegou a ser socorrido à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) JK, mas não resistiu.